sábado, 11 de abril de 2009

À lama e aos vermes

Oh, a ciencia de ser o que não sou
Vou escarrar - com veios de sangue e manchas de fumo - um poema; só pra você, meu alazão de bunda vermelha.

Ai, a ciencia não é posia
A ciencia de ser o que não sou, de fingir haver onde não há
E me locupletar de vazio
E não saber mais que tipo de sangue eu tenho
No meu corpo

E vasculhar cada mínimo detalhe
Da podridão
Organica
Da poesia
e da mentira

- Mentira! Estou fingindo um primeiro de abril.
Sou só mais uma
Eu sou só mais uma
Não tente fazer passar despercebido
Que você notou que eu não sofro de verdade

Eu sou só ciencia
Sou fria como um sapo dissecado, mas não tenho as viceras pulsantes que atraem as moscas, nem o cheiro de éter para tirar a consciencia

Eu sou só
Método

Eu não tenho
- Talento.

Eu só sou um confronto inútil de idéia inúteis.

Liana Borges